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Crônicas para reflexão

Um aluno pergunta:

- Professor, um pato perde a pata! Ele é um deficiente físico ou viúvo?

Isso é uma discussão interessante.

A relatividade das coisas.

Quando olhamos para o céu, numa noite sem nuvens e sem a iluminação das cidades, vemos uma parte da nossa galáxia e muitas estrelas.

Mas o quê vemos?

A luz da estrela mais próxima de nós (o nosso sol) leva 8 minutos para chegar até aqui.

A luz das estrelas mais próximas, mais de 4 anos.

O que vemos é o passado!

A luz das estrelas levam tanto tempo para chegar até nós que, nesse momento, podem não mais existirem!

Medições recentes descobriram a maior estrutura do nosso universo, um aglomerado de galáxias de


650 milhões de anos-luz de comprimento e 25 milhões de anos-luz de largura.

Somos uma nanopartícula dentro de uma célula de uma baleia azul (o maior animal do nosso planeta).

A melhor forma, na minha opinião, de ensinar humildade é a astronomia

Outra abordagem é a dubiedade das palavras.

Um banco para um bancário tem um significado, para um aposentado na praça é outro.


Um marqueteiro recentemente falecido (Duda Mendonça), dizia que comunicar não é o que você diz e sim o que o outro ouve e entende.

Minha sogra trabalhou durante trinta e cinco anos em um hospital público de Botucatu, interior de São Paulo.

Diferente de outras enfermeiras, quando iniciava o plantão, ia de leito em leito, falar com os pacientes, coletava informações diretas para orientar a equipe e prevenir problemas em uma enfermaria cardiológica.

- Boa noite senhor Antônio, tomou direitinho o remédio?


Sim, doutora, mas foi difícil de engolir, era muito grande!

Ela acabara de descobrir que a enfermeira do dia havia orientado o Antônio a usar o remédio no ânus. Como ele não sabia o que era ânus. Tomou por via oral o supositório. Então explicou em linguagem popular como se usava o supositório.

Das coisas mais simples da comunicação entre nós, até a estrutura maior conhecida do nosso universo, as palavras tem o poder de definir e sem elas não seríamos capazes de avançar a nossa civilização.

Mas tem dia que parece que, exceto uns poucos que manipulam o poder nas sombras, por deficiência ou viuvez somos quase todos patos!




José Paulo Barbosa

Professor, escritor e militante de causas sociais e ambientais.


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